Queridos Media, Por favor Parem

Por Alícia Gaspar.

A música sempre fez parte da minha vida, foi, e é através dela que me identifico e encontro paz.
É na música que procuro consolo e é com ela que celebro quando me sinto alegre, então tento
estar sempre a par do que alguns dos meus artistas favoritos gravam. 

Recordo-me do álbum (DAMN.) de Kendrick Lamar, lançado em 2017 e de uma música em
particular intitulada “HUMBLE.”.
Nesta track, Kendrick fala sobre a questão do photoshop com uma simplicidade que marcou a sociedade ao desafiar os media a enfrentarem a realidade:

“I’m so fuckin’ sick and tired of the Photoshop
Show me somethin’ natural like afro on Richard Pryor
Show me somethin’ natural like ass with some stretch marks.


Quando esta situação foi abordada por alguém com o reconhecimento mundial deste rapper, o
assunto passou a ser finalmente endereçado com mais naturalidade nos media, ao invés de se
tratar de um “bicho de sete cabeças”, ou de se fingir que não existia e que corpos irrealistas
eram possíveis de atingir, levando as jovens a modificar o seu corpo natural através de cirurgias
ou a limites ainda mais extremos que em alguns casos tiveram final infeliz.

Hoje em dia, apesar do problema se encontrar longe de resolvido, e por vezes parecer que
damos 10 passos para trás enquanto sociedade, as mulheres estão a consolidar um espaço que é seu por direito, e encontram cada vez mais abertura, conquistada por si mesmas, para expandirem a voz sobre os mais diversos assuntos e serem agentes de mudança em todos os sectores da sociedade.

* texto originalmente publicado em buala.org.

Alícia Gaspar.

Lisboa, 1998. Mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação pelo Instituto Universitário de Lisboa — ISCTE.
Licenciada em Estudos de Cultura e Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Editora e assessora de comunicação na plataforma cultural BUALA. Procura interligar vários tópicos de índole social contemporânea com a área digital, nomeadamente o feminismo, o racismo e a comunidade LGBTQ+. 

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